Fome ou Apetite?

Hoje é domingo, faz um dia maravilhoso nesta cidade também maravilhosa, mas o ser que vos escreve não pode ir à praia. Desde ontem estou adoentada, alguma virose maluca, sei lá, o fato é que estou febril. Ontem foi pior, fiquei mesmo imprestável, principalmente durante a tarde e início da noite.

Hoje estou menos quebrada, mas ainda com uma febrícola chatinha, meu organismo se defendendo de algo, deixa ele lutar, eu ajudo fazendo repouso, bebendo bastante líquido e ficando atenta aos sintomas.

Hoje quero falar de um assunto que muitas vezes me vem à cabeça. Já falei antes aqui, mas vou registrar de novo, até porque é algo que eu mesma preciso, volta e meia, reforçar.

Certa vez, entre 1990 e 1991, em um evento que nada tinha a ver com emagrecimento, a palestrante falou sobre Fome e Apetite, diferenciando os dois. No caso, ela estava alertando para a maneira abusiva como muitas vezes nós nos dizemos ‘mooooortos de fome’, quando na verdade o que temos é apetite.

Dentre outras coisas, citou irmãozinhos nossos em todo canto do país e do mundo que não têm mesmo o que comer, que sabem direitinho o que é fome de verdade, pois passam horas, dias sem ter o que comer.

Aquilo me fez pensar muito. Ainda falo que tenho fome, às vezes falo ‘aiiiii que fome’, não vou mentir. Mas há vezes (poucas, admito) em que eu lembro antes de falar e troco a frase por ‘vontade de comer alguma coisa’. Acontece que eu não sou de sentir fome, fome física mesmo, pra valer. É raro. Se eu comer sempre só quando tenho fome física, e isso de forma equilibradinha, tudo fica ótimo. Só que eu sou chegada a  belisquetes. Aliás, estou aprendendo de novo a não ficar afirmando coisas que não quero que o meu subconsciente entenda como verdades. Então, não sou chegada a belisqutes.  Pronto. Eu era! kkkkk (vamos ver se cola com ele…rs)

Meu marido volta e meia diz ‘estou morrendo de fome’ mesmo que não esteja há tanto tempo assim sem se alimentar. E aí, como apontar para o outro é mais fácil, eu vou em cima e digo: ‘não diga isso, você não está morrendo de fome, está com apetite’.

Pouco tempo depois, acordei um dia sentindo umas coisas esquisitas e como continuei sentindo no caminho do trabalho, corri para uma das clínica do meu plano de saúde. Isso foi em 1991.  Lá,  a médica (clínica geral) que me atendeu, depois de conversar muito comigo e me ouvir desabafar mil coisas, chorar pra caramba etc. me transmitiu uma série de conselhos, dicas etc. relacionados ao que me afligia (uma mistureba tremenda de sentimentos e sensações).

Ela não me passou nenhum remédio, não me pediu exames, pois nada indicava a necessidade, garantindo que eu não estava doente. Meu mal era antes de tudo stress e ansiedade excessiva.  Acentuada por várias coisas.

Porém, me receitou a leitura de 3 livros e falou sobre a sua experiência pessoal com certas coisas que me incomodavam, me ajudando muito a enxergar com outros olhos a situação em que eu estava (percebendo que o jeito como eu encarava era pior do que a própria realidade).

E, como eu estava imensa, com centro e trinta e sei lá quantos quilos, naturalmente em um pedaço da conversa isso foi bastante ressaltado. Entre outras coisas, ela falou: ‘Só coma quanto tiver FOME. Não quando tiver apetite, vontade de comer.’

Aquela consulta me fez um bem danado. Saí de lá me sentindo outra. Comprei e li os livros, várias vezes  pensei e repensei sobre o que ela me disse (eu lembro até hoje, é algo que comento com grande frequência em conversas aqui e ali) e procurei mudar meu jeito de encarar as coisas que me incomodavam.

Foi tão valioso esse encontro ‘casual’ com aquela pessoa tão elevada, que soube ‘me ler’ tão bem e me ajudou tanto !

Com relação ao conselho sobre comida, eu procurei seguir. Durante um bom tempo, prestei atenção ao que me levava a querer comer e se fosse fome física, eu atendia e comia. Se fosse vontade, ou melhor, apetite, eu deixava pra depois, esperava a fome de verdade chegar.

E só de tomar este pequeno cuidado, comer só quando tinha fome de verdade, eu dei uma afinadinha. Não foram trocentos quilos embora, até porque meus hábitos eram péssimos e a qualidade do que eu comia pior ainda, era só fritura, gordura, massa, petisquinhos. Mas, ainda assim, as roupas ficaram frouxas, mandei até fazer umas coisinhas novas.

Me sentia muito melhor, mais leve e aquilo foi só uma pontinhazinha de algo que começou a mudar em mim, aos pouquinhos. Bem aos pouquinhos. Mudança de dentro pra fora.

Pena que depois não continuei com isso (pensar antes de comer) e aos poucos os hábitos enraizados (os ruins) prevaleceram. Culpa deles? Não.

Hábitos não mandam na gente, e mais: não chegam sozinhos. Nós os trazemos para a nossa vida e depois relutamos em abandoná-los, como se isso fosse uma traição, uma ingratidão. E enquanto nos apegamos a eles que nos fazem tão mal, estamos sendo traidores, ingratos com nós mesmos, isso sim.

Só fui novamente ter este cuidado quando, 12 anos depois, já em 2003, comecei meu processo de reeducação, mudança efetiva de hábitos etc. E, naturalmente, com variações, pois mesmo não tendo fome eu passei a tomar o meu café da manhã corretamente, fazer os lanchinhos intermediários etc. e no meu caso isso era essencial.

Eu vinha de quase 30 anos de uma rotina totalmente louca, em que não havia hora para comer, muito menos critério, tinha que aprender a ter regularidade. Então, para ter regularidade, não adiantava esperar a fome física aparecer, se era hora de almoçar, eu almoçava, só que agora de uma forma correta. Comendo comida mesmo e não lanchinhos e outras coisinhas.

O lance de comer só com fome, no meu caso, serviu muito para os beliscos que sempre foram o meu problema. E não vou negar, ainda são. Mesmo depois de 8 anos de processo, de tanta coisa aprendida, sendo que boa parte (a maior) ficou mesmo enraizada, eu ainda tenho muitos hábitos que, se não paro e me obrigo a não ceder, eu vou lá e faço a bobaginha.

Bobaginha que atrapalha, que compromete, que irrita. E assumir isso é essencial, não para me sentir uma besta, mas para me determinar fortemente, cada vez mais, a de novo ser durona quando esses hábitos ousarem pensar que mandam em mim.

Vejam uma definição bem adequada do que é fome e do que é apetite:

Fome verdadeira – é a necessidade física de alimentos. Surge depois de várias horas do corpo sem receber alimento e dura somete um curto período. Desaparece.

Apetite – ele aparece quando a nossa mente pede comida e não quando o corpo dá sinal de que o alimento está atrasado (fome).Quem o estimula são nossos pensamentos, hábitos, sentimentos, ou simplesmente porque estamos perto da comida. Pode ser também um hábito que aprendemos na nossa vida a associar com comida.

Anos atrás, em um post que eu chamei de “Você tem fome de que?”, me baseando na música dos Titãs (AMO), falei sobre isso. Sobre nem sempre sabermos o que está nos levando à necessidade (ou vontade?) de comer.

Se a fome é de comida mesmo, por necessidade física, ok. Então vamos comer, de uma forma correta, justa, vamos nos nutrir e, claro, que seja com prazer, que ninguém tem necessidade de tornar isso um martírio.

Mas e quando a gente sequer sabe do que tem fome? Fome de carinho… afeto… beijos.. amigos…algo interessante pra fazer… algo para aliviar uma raiva, mágoa etc…. o que será hem? E essa fome, comida alguma resolve?

Recadinho que dou para mim mesma, que já andei me flagrando buscando ‘a tampa errada para a panela’ ou seja, comer para saciar algo que definitivamente não é fome, e, claro, passo a vocês. Não é novidade nenhuma, mas… a gente presta atenção em tanta coisa que nem sempre nos leva para a direção certa! Por que não repensar aquilo que pode nos ajudar a seguir direitinho né?

Beijos, fiquem com Deus. Vou lá na geladeira, ver se tem algo para… ok, ok… não vou não! Essa cambaleada na saúde me tirou a fome e… o apetite! Pra alguma coisa tinha que servir né?

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23 respostas para Fome ou Apetite?

  1. iara disse:

    Oi Beth !
    Andei super sumida, mas nunca me esqueço de voce. Foram tantas situações que me afastaram da net, Problemas de família mesmo.
    Com fé em Deus retornarei. Que Deus te abencoe sempre.
    Beijos

  2. Micha disse:

    mto bom ler esse seu post, pq tenho pensado mto nisso ultimamente, qdo falo, to com fome, aí penso, não, não estou. estou com vontade de comer…e vou me controlando…
    ta funcionando…não estou passando fome, nem me privando de mtas coisas e estou melhorando minha alimentação…

    melhoras da gripe pra vc, lindona.

    Uma ótima semana para você!!!

    /(,”)\\
    ./_\\. Beijossssssssss
    _| |_…………….

  3. Jana disse:

    Querida, espero que melhore logo, viu?

    “Hábitos não mandam na gente, e mais: não chegam sozinhos” – Adorei! Vai virar meu mantra…parece que já nascemos com alguns hábitos incrustrados, mas eles só virarm hábitos por nossas repetições! É ótimo lembrar disso de vez em quando.

    Adorei o post! Saudades.

  4. Val disse:

    Oi lindinha, melhoras viu!
    Seus posts como sempre MARAVILHOSOS!!!
    Beijokas,

  5. disse:

    É isso, Beth. A distinção entre fome e apetite (vontade de comer) é perfeita. Meu problema tem sido ignorar a diferença, mesmo sabendo o que rola no momento em que resolvo abrir a boca prá comer. Tem vez que chego a pensar: ” Ok, sei que não é fome e que isso engorda, mas estou com vontade de comer e não vou deixar passar essa oportunidade. Uma hora começo a controlar, mas enquanto isso, vou comer”. É claro que a frase não vem dessa forma linear e toda estruturadinha assim na minha cabeça. E tudo num lapso de tempo que vai da decisão de comer e o comer efetivamente. Acho que prá isso não tem jeito, só mudando mesmo. Bjs e ótima semana, minha linda. Melhoras tb viu?

  6. Rogeria disse:

    Desejo que esteja melhor de saude!Se cuida!Vou prestar atençao na fome e no apetite!Saudades!
    Bjus
    Ro

  7. Rubia disse:

    Sabe Beth, sigo seu blog a alguns anos, vivia em altos e baixos de emagrecimento. Do ano passado pra cá tenho feito diferente, minha vida está numa verdadeira transformação, esse post é realmente o que acontecia comigo, porém tenho me policiado mais e visto que como muito menos do que antes. Os maus hábitos vem desde criança qdo nossos pais dizia que não podíamos deixar comida no prato, fica no subconsciente, aí é um abraço pro gaiteiro.
    Um abraço. força sempre.

  8. Cris disse:

    Nossa Beth A ME I o texto sobre o Luke, muito sensível, me emocionou muito.
    Grande beijo, boa semana!

  9. Oi Beth,

    É bem isso mesmo, muitas vezes não temos fome física, mas a vontade de comer algo gostoso, algo que adoce, acalme, conforte.

    Esse nosso processo é um eterno aprendizado. E eu sempre aprendo muito vindo aqui.

    beijos !! melhoras !!

  10. Cacau disse:

    Oi oi Beth!
    Espero que esteja melhor!
    Fome ou apetite… realmente diferenciar é difícil. Na verdade acho que a maioria de nós nem pensamos se estamos com fome ou apetite ou até mesmo outra coisa. Eu, pelo menos, começo a pensar sobre isso qd estou de dieta. Mas pensar mesmo no real sentido da palavra e usar de forma correta, nas horas corretas, não é de costume mesmo…
    Mas achei interessante seu texto… sentir fome mesmo, FOME de não ter nada (para comer, dinheiro, condição social, etc), graças à Deus eu nunca!
    Não damos muito valor mesmo ao que temos todos os dias como alimentação… somos ingratos (muitas vezes!) e temos que aprender a pensar mais antes de falar…
    Boa semana pra vc! Melhoras!!!
    Bjão!
    Cacau 🙂

  11. Raiane disse:

    Olá Beth to com saudades de vc hein,olha vc tm msn?
    Se tiver me add
    raiane.caroline157@hotmail.com
    Bj

  12. Aiai… na sinceridade, se eu for comer só quando tiver fome física nem como. Raras vezes sinto fome. Se eu tiver algo pra fazer então, algo que me interta, passo o dia sem nem lembrar de comida. Essa é minha grande dificuldade na RA, comer várias vezes ao dia… Mas realmente, não devemos comer sempre que o apetite nos animar.
    Beijos!!!!

  13. Arianna Lenci disse:

    Ai amiga, sabe que eu tb tenho dificuldade em identificar fome e apetite sabe… eu ainda como pra afogar mágoas, se bem que apareceu uma péssima novidade em minha vida e eu pelo menos até o momento não descontei na comida… bem, vou me concentrar para as coisas continuarem assim… rs. Beijos

  14. ♥ Cris disse:

    tá melhorzinha amiga? toma bastante liquido e repousa até melhorar e faz bastante charminho pra ganhar cafuné – que é bão tambem – serio, se cuida, pra ficar 100% logo tá?

    coisa mais linda esse post Beth, eu levei muito tempo pra diferenciar fome da vontade de comer e vontade de comer da gula, hoje em dia eu consigo, mas sou tao safada que as vezes me pego querendo esquecer…

    Beijão, linda semana pra ti amiga, com muita saúde e paz!

  15. bete queridíssima. obrigada por não me abandonar…rs…andei com dificuldade de reengrenar a dieta, mas consegui voltar, ufa, haja luta…rs….querida, foi ao médico? t|ô torcendo pelasua melhora….ah! e eu tenho apetite, é isso que tenho viu…rs…beijao, saudades. Bartira.

  16. Vanessa disse:

    Oi Beth!!!
    também lhe desejo melhoras, viu.
    gostei muito do seu texto, que inclusive, veio diretamente ao meu encontro.
    tenho dificuldade de estabelecer o que é fome e vontade de comer (apetite), e esse é um dos motivadores dos belisquetes, principalmente a noite, qdo começo a relaxar em casa.
    mas estou acreditando na minha força de vontade e principalmente, na conscientização de que devo mudar de vida, pois senão, logo, não terei uma vida.
    bem, como sempre, de longe te acompanho e agora que voltei a usar o blog como um vigilante desta nova batalha: emagrecer por questão de saúde, ficarei feliz de te ver por lá.
    beijussssss, e até breve.
    com carinho, Vanessa

  17. Andrea disse:

    Oi Beth

    Obrigada pelo carinho. Estamos melhores, filhota e eu.
    Espero que tenha melhorado da sua virose.
    Não é nada legal, ainda mais nesse calorão!

    Sabe, de certa forma o que o pediatra disse não é mentira, mas o que pegou pesado mesmo foi o jeito de falar, ainda mais com uma criança.
    Mas vai passar. Estou conversando muito com ela e melhorando e muito nossa alimentação.

    Sobre a fome ou vontade de comer… falei sobre isso uns anos atrás e tinha muitas dúvidas. Hoje eu sei que fome mesmo, eu quase não tenho. O que tenho são vontades de comer e principalmente tudo que não devo, rsrs.
    Claro que esses anos serviram pra me ensinar a controlar essas vontades e me saio muito bem.
    Aqui no trampo tem uma pessoa que come o tempo todo e a todo tempo ouvimos assim: ai que vontade de comer isso, ai que vontade de ocmer aquilo…
    Ela é obesa.
    Tem o magrelo que come doces o dia todo. Minha mesa vive com um docinho, que discretamente dou pra outra pessoa e assim vai.

    Tenho vontades, claro, mas controlo muito.
    Se não tivesse o controle que tenho, certamente teria voltado ao peso inicial ou até mais. Certeza.

    Só como o que tenho vontade e que geralmente não é saudável, uma vez ou outra.
    É como se fosse uma compensação. Me controlo super bem durante muitos dias e num determinado dia, como aquela coisinha que tive vontade.

    Tem pessoas que acham isso loucura. Eu não acho.
    Eu conheço o meu organismo, sei que qualquer abuso eu engordo mesmo e não adianta eu comer certinho (pouco) durante a semana e no final de semana comer até as panelas.
    Procuro sempre o bom senso, o meio termo e se assim já tá difícil eu emagrecer imagina se deixasse rolar solto??
    Aqui preciso ser vigilante. Sempre.
    Por isso estou cuidando tanto da minha filhinha também.
    Não quero que ela passe por isso.
    Sabe, tô até achando que o pediatra deu um empurrãozinho, rrs.
    Só não concordo com as palavras dele e o jeito infeliz que falou.

    E é isso lindona.
    Temos que estar sempre atentas a tudo o que colocamos na nossa boca.
    Boa semana, e ótima recuperação.
    Beijos.

  18. Cátia disse:

    Oi Beth! Passei para desejar melhoras…eu também tenho estado com uma gripesinha chata e não quer passar… Quanto ao assunto que falou, eu também penso muitas vezes: Tanta criança e adulto que não tem que comer por dias…e nós nos queixamos porque a comida que tem na mesa não é do nosso agrado! Temos que dar graças a Deus de ter comida na mesa todos os dias…! E quanto à vontade de comer…ou apetite é realmente difícil vencê-los né? eu que gosto tanto de petiscar também haha…Um beijo querida, se cuida.

  19. Vanessa disse:

    Oi (de novo) Beth!!!

    obrigada pelo seu carinho!

    como sempre vc tão atenciosamente e generosa.

    beijusssss

    Vanessa

  20. Edite Lima disse:

    Legal este post sobre “fome” ou “apetite”. Muitas vezes a fome aparece como vontade de comer para suprir alguma outra necessidade emocional. e aí então vem os excessos, as beliscadelas… Que bom que vc superou tudo isso. Um abraço.

  21. Dani disse:

    Beth espero que vc esteja melhor, falei em vc no meu blog sem sua permissão mas fazer o que é duro não colocar o que acho e sinto por vc Beth ( sou babona tua…kkkkkk) brincadeirinha mas só te avisando, beijos

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